Entre Sementes e Frutos

_ Entre sementes e frutos

Hoje fiquei amiga de uma semente. Uma toda linda, meio verde e meio laranja. Talvez ela seja a filha amada de um Cajuzeiro, ou de uma Acácia que irá adoçar praças e acompanhar beijos em coretos, mas mesmo assim ela estava triste.
Perguntei porque ela estava tão solta `a tristeza, porque parecia esquecida pelo o sol, se era mesmo o sol que lhe dava `a luz. E ela chorou.
– Não foi o sol grave do alto dia e nem a chuva que me afogou noutra tarde que me fez chorar, mas sim o jardim que não me acolheu e nem se encantou em me ver nascer.
Ela só queria o conforto da terra, e dela a umidade que faz brotar árvores e mulheres exemplares… Sonhava dar frutos aos pássaros e sabores ao mel e sombra aos homens perdoados. Mas estava só, sem forças e nem sonhos mais.
Então, eu dei a ela tudo o que eu tinha só pra mim, reparti meu jardim de sonhos e minhas águas calmas, afaguei seus medos e com eles os meus esconderijos.
E de castanhas que dormiam sem casa, demos em fortes troncos, e deles tiramos sombras frescas e demos frutas, e lindos pedacinhos de mundo por todo lugar, quando não se acreditava mais em nada.


Sementes boas brotam debaixo de castigos e nascem depois das águas torrentes, e antes dos sóis de gema caipira que borbulham de amarelos e alaranjados. E assim nascerão e sempre darão em frutos, desde que haja algum tipo de amor.
Alexandre Casagrande

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